Pássaro II
Gabriela Prado
Passarinho que me canta
Vem baixinho
Voa manso.
Se te pertenço é por engano
Tuas mãos são vazias
Folha em branco.
Voa não,
Espera.
Cuida que hoje é dia de lua nova.
E da fase que fica, e de tudo que passa...
Cuida que medo não pensa,
E desfaz... e desdobra ...
Voa não, passarinho.
Que quando voltar, serão só palhas e pena.
Do ninho, buraco vazio
Da vontade, cova pequena.
Se importa, que nada é certo
Pássaro míope.
Mesmo o gostar, tem suas asas.
O que pensava ser de barro,
De areia fina feito era... e de tão frágil, tão delicada ...
Por entre os dedos deslizou... e escorreu... e escorregou.
Num sopro instável, se fez vento.
E por faltar solidez, virou solidão.
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