quinta-feira, 23 de maio de 2013

Pássaro II



Pássaro II
Gabriela Prado


Passarinho que me canta
Vem baixinho
Voa manso. 

Se te pertenço é por engano
Tuas mãos são vazias 
Folha em branco.

Voa não,
Espera.

Cuida que hoje é dia de lua nova.
E da fase que fica, e de tudo que passa...
Cuida que medo não pensa,
E desfaz... e desdobra ...

Voa não, passarinho.
Que quando voltar, serão só palhas e pena.
Do ninho, buraco vazio
Da vontade, cova pequena.

Se importa, que nada é certo
Pássaro míope.
Mesmo o gostar, tem suas asas.

O que pensava ser de barro,
De areia fina feito era... e de tão frágil, tão delicada ...
Por entre os dedos deslizou... e escorreu... e escorregou.
Num sopro instável, se fez vento.

E por faltar solidez, virou solidão.



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